quarta-feira, 22 de junho de 2011

A seleção de matrizes e padreadores


Um ponto chave de um programa de criação é a seleção das matrizes e padreadores, seja de exemplares adquiridos de outro canil ou de exemplares advindos de criação própria. Em qualquer dos casos, os exemplares devem sempre se aproximar o máximo possível do ideal fixado pelo criador. A conformação dos exemplares escolhidos deve sempre seguir um padrão. É essencial que todos os exemplares de um canil que deseja fixar uma linha de sangue se assemelhem.
É uma tarefa ingrata tentar fixar uma linha de sangue a partir de indivíduos de características heterogêneas. Se o objetivo é estabelecer uma linha de sangue, a utilização de exemplares de conformação díspares, mesmo que sejam excepcionais, não é ideal. É possível tentar chegar a um cão que represente nosso objetivo através de cruzamentos envolvendo exemplares com características antagônicas, porém fazer com que isso se repita em sucessivas gerações será um golpe de sorte.
É bom sempre lembrar que a estrutura de um cão é determinada por uma complexa combinação de genes, em que bastam pequenas alterações para desequilibrar todo o conjunto. Nesse sentido, acasalar exemplares muito diferentes é um primeiro passo para romper um equilíbrio construído durante gerações. Estabelecer e manter uma homogeneidade de conformação de plantel é, portanto, um fator primordial.
 Entretanto, a homogeneidade não deve ser apenas de conformação, mas também genética. Para que os cães de uma linhagem tenham suas características fixadas, é preciso que geneticamente também sejam semelhantes. Acontece que há apenas uma forma de assegurar que os exemplares tenham cargas genéticas próximas e homogêneas: a utilização de cães com parentesco. É, por isso, que, na formação de uma linha de sangue, os cruzamentos - consanguíneos próximos (inbreeding) ou distantes (linebreeding) - têm grande importância.
Da mesma forma, são peças importantes do programa de criação os indivíduos que sejam resultantes de acasalamentos fechados. Em tais cães, a análise do pedigree é importantíssima, já que se os ascendentes foram de excepcional qualidade serão grandes as chances de o cão também ser de boa conformação e transmitir isso a seus descendentes.
Ainda quando se fala da carga genética, a seleção pela progênie (descendentes) é um método valioso para se fixar as características desejadas. A seleção de progênie envolve dois aspectos complementares: a progênie - descendentes - dos melhores exemplares deve sempre ter destaque na criação e também os indivíduos de melhor progênie devem receber mais atenção.
A escolha do padreador é de extrema relevância em um canil. Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que o caminho mais rápido para estabelecer uma linha de sangue está na utilização de apenas um macho, já que a utilização de vários cães dificultará a uniformização do plantel. Também, não se pode ignorar que o padreador deve ser um cão excepcional e resultante de um cruzamento fechado. É que a introdução dessas ótimas qualidades possibilitará a homogeneização e elevar rapidamente o nível de criação, pois um macho pode cobrir incontáveis cadelas, imprimindo suas características em todos os descendentes do canil. A seleção do padreador é uma tarefa de extrema importância. Ele não pode, de forma alguma, ser um cão medíocre.
Justamente, por isso, é sempre melhor, para os iniciantes na criação, a compra de uma cadela. É certo que é muito mais difícil adquirir uma cadela excepcional do que um macho, pois são raros os criadores experientes que não mantém as melhores matrizes para si. Entretanto, os riscos envolvidos, na compra da fêmea, são menores, porque uma fêmea mediana pode ser bem aproveitada na criação. Infelizmente, o mesmo não se pode dizer de um macho.
Por outro lado, acertar na aquisição de uma boa matriz é outro ótimo começo para a formação de uma linhagem. Com uma cadela de excelente conformação, pode-se até mesmo prescindir de um padreador próprio. Basta acasalar essa cadela com os melhores padreadores e manter os melhores filhotes das ninhadas. Com isso, terá sido dado um grande passo para estabelecer uma linha de sangue.
Uma última observação deve ser feita sobre a formação do plantel, o número de cães que formam o plantel do canil tem grande influência sobre a formação de uma linha de sangue. Quanto maior o número de integrantes do canil, mais difícil será a fixação de uma linhagem, pois haverá uma maior variabilidade de cargas genéticas e de conformações. Por isso, é aconselhável que grandes canis dividam o seu plantel em grupos de acasalamento por proximidade de parentesco. Assim, será possível formar várias linhas de sangue, enquanto que o acasalamento indiscriminado entre exemplares de um grande canil será um grande empecilho até mesmo para a formação de apenas uma linha de sangue.

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