terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O primeiro Buldogue Campeiro azul (The first blue Campeiro Bulldog)



No dia 3 de janeiro de 2011 tivemos a grata surpresa do nascimento do primeiro Buldogue Campeiro da cor azul que se tem noticia. Trata-se de uma fêmea, da ninhada do Ludovico com a Mandinga, sendo resultado de um inbreeding no Ludovico.
Apesar da surpresa, sempre tive a convicção de que isso seria possível, pelos registros históricos de bordogas com a pelagem descrita como brasino fumaça, que se caracterizava pela cor cinza das estrias da tigradura, e que em outras raças Bull é chamada de blue bridle.
A partir dessa comprovação da presença do gen de diluição do preto para o azul na nossa criação, planejamos novos cruzamentos envolvendo o Ludovico com fêmeas também portadoras do gen de diluição, a fim de fixar essa característica.
O grande mérito desse caso se deve ao fato do cão produzido ser puro, apenas com uso de cães da própria raça, e portanto sem inserção de qualquer outra raça que carrega essa particularidade.
Abaixo a genealogia ilustrada da fêmea azul

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Padronagens


As cores já existentes do buldogues brasileiros. Em raças onde existam as 4 cores – preto, tigrado, dourado e branco) a atuação de outros gens podem proporcionar a manifestação de diversas mutações e diluições.

Tigrado
Cor bastante comum. Resultado da ação do gen kbr sobre fundo dourado. Pode ser fechado (estrias pretas mais largas ou em maior quantidade) ou aberto (estrias espaçadas e estreitas). A cor de fundo pode variar do baio ao dourado carregado. É a manifestação da eumelanina em estrias sobre fundo de feomelanina.






Dourado

Cor bastante comum. Resultado da manifestação dos gens da série A, com pelo menos um alelo dominante. Pode variar do creme, passando pelo baio, até o dourado carregado. É a manifestação da feomelanina.






Preto 

O cão negro não terá nenhum amarelo ou dourado. Eles devem ter um nariz preto e os olhos marrons, mas pode vir com os olhos azuis recessivos. É a manifestação da eumelanina preta.

Chocolate
É a versão não dominante do preto, quando a eumelanina, pigmento preto se torna marrom. Ocorre no cão sólido, ou nos tigrados, onde as estrias se tornam marrons. No caso do cão ser dourado (feomelanina) apenas a pele fica marrom (eumelanina), e o cão é chamado de red nose. Todo cão chocolate é red nose, mas nem todo red nose é chocolate. Tem nariz vermelho/chocolate e os olhos verdes (âmbar), marrom ou ouro.

 
Cores raras

Preto e tan 

Não são cães pretos nem carregam o gene para produzir o preto.. Eles são, essencialmente, dourados com um manto preto sobre a maior parte do corpo.  Padrão normal mostra tan nas bochechas, sobrancelhas, sob orelha, tórax, pernas e sob a sua cauda.
Tricolor
Basicamente um cão com marcação tan, porém com áreas de branco.



Azul
Azuis também não tem qualquer outra cor só azul e / ou branco. Eles podem variar em tons de cinza ardósia escuro para azul aço. Eles devem ter um nariz azul e seus olhos podem ser cinza, marrom, ou âmbar. Azul é a diluição da eumelanina preta da pele e pelos.

Lobeiro

Geneticamente um cão dourado, porém com manifestação de um gen recessivo da série A, que provoca o surgimento de pelos com pontas pretas, dando a impressão de acinzentado.










As marcações brancas

O branco é na verdade a ausência de cor. O gen responsável pelas marcações se apresenta em três configurações básicas, mas pode ser afetados por gens minus e plus – minus diminuiria a área de branco e o plus ampliaria, e por isso o fenótipo nem sempre condiz com o genótipo.

Coleira 

A marcação típica de algumas raças, chamada de colar irlandês ou marcação Boston.
Os cães apresentam área branca que atinge a ponta da cauda, pernas, peito, pescoço (em toda sua circunferência ou parcialmente) e no fuço, muitas vezes apresentando uma máscara que cobre olhos e orelhas, com tamanho que pode variar.





Malhado

O cão é basicamente branco, com manchas aleatórias pelo corpo, que atingem a parte superior principalmente.










Branco

O cão é praticamente branco, salvo em casos onde apresenta pequenas manchas na raiz da cauda ou próximas aos olhos e orelhas.

Genética das cores


Existem muitas fontes que abordam conformação, padrão e muitos detalhes da criação de cães, dos bulldogs em geral e das raças tratadas neste blog. Porém um ponto que tem pouca literatura disponível é o que se refere às cores dessas duas raças brasileiras.  Em função de sua formação, com cruzamentos aleatórios com cães de diversos tipos, os buldogues brasileiros herdaram  as variações de cores que sem duvida as tornam as raças Bull com a maior variedade de possibilidades.
Nesta parte vou abordar de forma superficial o que aprendi com literatura especializada e, principalmente, na prática da criação. Todas as informações aqui publicadas foram comprovadas em condições reais de cruzamento.
Genética das cores


As cores são determinadas por dois tipos de  pigmento, dentro de células chamadas
Melanócitos, que estão presentes no folículo piloso dos animais. Um
pigmento determina a cor preta, chama-se eumelanina, o outro pigmento
determina a cor amarela, chama-se feomelanina. Os pigmentos no
citoplasma destas células ficam em cápsulas chamadas de grânulos, que
podem variar de forma e tamanho. A interação destes dois pigmentos, o
tamanho, a quantidade e a forma como eles estão presentes nos grânulos,
dentro dos Melanócitos, é que determina de que cor será visto o cão.
Vale destacar que no pelo agem tanto a eumelanina quando a feomelanina, porém na pele, mucosas e olhos, apenas a eumelanina está presente, portanto as variações nesses locais vão do preto, fígado (chocolate e red nose) e azul (blue nose)

Estas formas de interação entre os pigmentos são determinadas por Genes,
que, quando atuam, fazem com que os pigmentos sejam mostrados de
maneiras variadas. Estes Genes só atuam aos pares e são chamados de
Alelos, no par de Genes um alelo vem do pai e outro vem da mãe do animal.
O local onde estes alelos estão localizados no cromossomo chama-se
Locus (plural Loci). Os alelos podem ser dominantes ou recessivos.
Quando há a presença de somente um alelo dominante a característica
determinada por ele se apresenta, mesmo que o outro alelo seja recessivo,
para a característica do alelo recessivo ser apresentada na cor, os dois
alelos devem ser recessivos. Existem ainda sub-dominâncias entre os
diferentes alelos recessivos de um tipo de gen, um é mais dominante que o
outro, embora os dois sejam recessivos se sobressai sua característica, às
vezes sem apagar totalmente a característica do outro.

Alguns Loci determinam a cor (B, D e E), outros somente qual a padronagem
da cor (A, M, S e T) e outros (K) os dois.

Abaixo uma pequena explicação da ação de cada Gen envolvido no
processo de coloração dos cães. No sistema de nomenclatura os alelos dominantes são representados por letras maiúsculas e os recessivos minúsculas.

Locus A:
Sequência de dominância : Ay - aw - as  - at - a

Determina a distribuição dos dois pigmentos no mesmo folículo piloso. Este
Locus determina ainda uma cor mais escura no dorso que no ventre do
animal. Este Locus pode ter vários alelos recessivos, que determinam a
padronagem que o amarelo terá em relação ao preto, no corpo do animal,
mesmo nos heterozigotos com Ay:

Ay - Dominante, provoca uma distribuição dos dois pigmentos, preto e
amarelo, aleatoriamente nos pelos, contendo pelos pretos e pelos amarelos
misturados em várias nuances ou pelos amarelos com pontas escuras. 
aw - Recessivo, determina a cor selvagem, com pelos claros de pontas
pretas, dos lobos por exemplo.
as - Recessivo, quando duplo (asas) provoca o aparecimento de um tipo de
sela preta no animal.

at - Recessivo, quando duplo ( atat ) provoca marcação Tan (Canela) bem
definida em partes específicas do animal, é a marcação Tan dos Dobermans,
Rotweillers, etc. Também determina o padrão tricolor.

a - Recessivo, também chamado preto recessivo.


Locus B:

Determina a intensidade da cor do pigmento preto, Eumelanina, que
enxergamos no animal. Este Locus tem 2 alelos:

B - Dominante, vemos o preto normal, a Eumelanina é preta.
b - Recessivo, vemos o preto como chocolate, a Eumelanina é marrom.

Locus D:

Determina a quantidade de pigmento preto, causando diluição. Este gen dilui todas as cores com eumelanina, tornando cães pretos azuis e chocolates em Isabela quando em homozigose.

Locus E:

O par de alelos recessivos determina o completo desaparecimento da cor
preta deixando só a cor amarela, Feomelanina, nos pelos. Esconde todas as
cores que tenham o preto presente, inclusive os merles, tricolores, preto e tan, etc. Este Locus tem 3 alelos:

EM - Dominante, provoca a aparição de uma máscara escura em animais
claros.

E - Dominate, a cor preta está presente normalmente.

e - Recessivo, não se enxerga preto, só amarelo.

Locus K:

Determina se a cor preta será dominante nos pelos do animal, interferindo
diretamente no efeito do Locus A, como se ligasse ou desligasse o gen.
Acha-se ainda que heterozigotos para este Locus (Kk) podem apresentar
marcações "fantasmas" do Locus A, que é um preto com manchas amareladas bem suaves, ou ainda manchas Tan nos locais de Tricolores, mas quase imperceptíveis. Também determina a marcação tigrada.

Este Locus tem 3 alelos:

K - Dominante, a cor preta predomina, independente do gen que esteja no
Locus A.
kbr – Dominante. É o tigrado. Sempre se manifesta no fenótipo se estiver presente no genótipo. Provoca uma distribuição do preto em forma de listras sobre o fundo dourado. Apenas não é percebido quando a cor de fundo e as estrias tem a mesma cor, como em cães pretos ou alguns chocolate.

ky ou k - Recessivo, permite a ação dos alelos do Locus A. O par está
obrigatoriamente presente em todos os cães com marcações Tan (tricolores).

Locus M:

Determina uma distribuição e diluição completamente aleatória do pigmento
preto e suas variantes, deixando os cães com manchas de tamanhos e tons
de cinza/marrom bem variados, tipo uma pedra de mármore, daí o nome da
cor, Merle. Este Locus tem 2 alelos:

M - Dominante, quando presente, apenas em um dos alelos (Mm), determina
o padrão descrito acima. Em dose dupla ( MM ) pode ser letal ou provocar
diversas doenças, já que a distribuição do pigmento é tão aleatória e grande
que pode afetar, por exemplo, a pigmentação interna dos olhos e ouvidos
dos animais, causando vários tipos de cegueiras, ou mesmo surdez.

m - Recessivo, a cor normal está presente, portanto cães não necessariamente Merles ( mm )

Locus S:

Determina o padrão dos desenhos das manchas brancas pelo corpo. Este
Locus tem vários alelos.

S - Dominante, determina cores sólidas, sem manchas brancas.

si - Recessivo, chamado de marcada, coleira, colar irlandês, é o padrão de manchas brancas
mais comum dos Border Collie e Boxer.

sp - Recessivo, chamado de malhado, é o padrão de cães coloridos
com muitas ou poucas manchas coloridas fora dos lugares determinados pela
padronagem coleira.

sw - Recessivo, chamado de branco extremo, é o padrão daqueles cães
extremamente brancos, sem marcas coloridas pelo corpo ou somente nas
orelhas e base da cauda. Típico do Bull Terrier branco.


Locus T:

Determina o aparecimento de manchas coloridas, tipo pintas, em todo
ou em parte do branco do corpo do animal, é a cor do Dalmata. Este Locus tem 2
alelos.

T - Dominante, determina o aparecimento da característica.
t - Recessivo, sem padrão salpicado, cor normal.
Particularidades dos bulldogs
Nos últimos anos tem surgido muitas manifestações de cores nos buldogues brasileiros. Algumas incomuns até mesmo em outras raças como cães salpicados, típica da cor belton do Setter, por exemplo. Porém essas ocorrências carecem de estudo, visto que nos spaniels o salpico surge em marcações brancas de cães com manto colorido, enquanto que no BC, surgiu em cães brancos. Pode ter relação com o merle, mas é provável que tenha ação de diversos gens, pois existe a possibilidade de haver gens que agem na diluição da feomelanina que se torna branca, enquanto que a eumelanina fica diluída (azul ou chocolate).


terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Buldogue Campeiro e Buldogue Serrano – as diferenças

Por serem duas raças com origens semelhantes, para não dizer idênticas, muitas pessoas podem não perceber as diferenças, ou então se confundir com cães das duas raças. Apesar da origem em cães boiadeiros, as funções específicas e a formação das duas raças apresentam algumas distinções.
O Buldogue Campeiro foi idealizado por Ralf Schein Bender, de Taquara/RS, que iniciou o trabalho de seleção de cães do tipo bulldog remanescentes na sua região e outros pontos do estado. Esse processo de seleção, iniciado na década de 70 procurou resgatar e aprimorar um tipo de bulldog mais pesado, semelhante aos cães usados nos abatedouros. Em função da alimentação que recebiam, coma presença de mais proteína, e pela função que desempenhavam, esses cães eram mais robustos e pesados. A partir dos cães resgatados, Ralf utilizou alguns cães da raça Bulldog (Buldog Inglês) para acrescentar a tipicidade buscada e que não foi encontrada em todos os exemplares utilizados.
O Buldogue Campeiro foi reconhecido como raça pela CBKC em 2001.
Já no Buldogue Serrano se busca preservar o tipo de cão mais adaptado a lida com gado a campo, com um tipo físico mais leve, sendo um cão mais apto a atividades de longa duração, bem como mais ágil e com menos peso.
O buldogue Serrano foi reconhecido como raça pela CBKC em agosto de 2009.